Não sei se gosto de Robert Walser. Quando leio Robert Walser
começo a minguar a cada palavra, acompanhando, suponho, a sua caligrafia
minúscula (tenho informação privilegiada a este respeito), caligrafia essa que
já induziria o caminho para o desaparecimento. Acho que foi Vila-Matas que se
debruçou sobre isso correndo o risco de cair, não desaparecendo, mas ficando
cada vez mais pequeno na queda até se confundir com a escrita de Walser. Walser
internou-se voluntariamente numa casa psiquiátrica não para escrever mas para
enlouquecer, ou desaparecer, tornando-se cada mais pequeno relativamente ao
mundo, fazendo dessa forma, pandã com
a sua caligrafia.
Quando leio Robert Walser sou acolhido por um bidão de melancolia
nada minúsculo… errado: sou sobrevoado por uma tristeza que no fundo é uma
recusa (digo eu, para me proteger), ou apenas o mundo, o mundo celular transportado
para um livro. O nosso mundo (há quem lhe chame qualquer coisa parecida com a realidade) também é isso. Não sei. "Jacob Von Gunten", por exemplo, começa
assim:
Aprende-se muito pouco por aqui, há falta de professores, e nós,
rapazes do Instituto Benjamenta, nunca seremos ninguém, por outras palavas, nas
nossas vidas futuras seremos apenas coisas muito pequenas e subalternas.
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