janeiro 30, 2018

E sobre acumulação de capitais, nada?



Parece que a Assembleia da República propôs ao Governo legislar dobre o denominado "Síndrome de Noé", ou acumulação de animais, coisa que acontece muito por aí, e nem sempre são irracionais. O estado gosta muito de nos tratar da saúde, cada vez mais, aliás,  sempre preocupado em legislar sobre assuntos da moda, comida, sal, açúcar, tabaco, sempre pronto a seguir a crista da onda da actualidade na agenda, desde que não faça grande mossa. Cinquenta anos após o "Proibido Proibir" de 68,  e uns tantos passados sobre o Abril de 74, ninguém acha estranho esta acumulação de proibições, de legislação asséptica, de guardiões da moral e bons costumes, que agora se propaga pelas universidades e pelas artes.

Temos a nossa quota parte de responsabilidade neste síndroma do vazio. Gente que nem sequer estrelava um ovo, deus os livre, coisa de mulheres, anda a brincar aos gourmet, aos fodies, a fazer a apologia da quinoa e de sabe-se lá mais a quê. Mas tudo isto assenta numa espécie de corrida ao fixe, ao cool, mas desprovida de qualquer estrutura, demasiado volátil para preencher sequer o vazio que a sustenta. De qualquer forma, a sociedade assenta hoje numa radical memória de peixe. E cheia de causas. 

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