Estava para ali a fazer umas limpezas e a pensar na morte da bezerra, decidindo-me por meter um CD dos Jesus And Mary Chain, “Barbed Wire Kisses” (um B-sides and more), comprado sabe lá onde Judas perdeu as botas, há muito tempo atrás (é verdade), quando nisto passa o “psycho candy”.
Eu que bebia copos de absinto (desculpa lá
Cesário), perdão, eu que estava a pensar em escrever qualquer coisa sobre os Jesus, a importância do seu primeiro
álbum, intitulado Psycocandy (1985), do qual não faz parte o tema psycho candy,
quer dizer, ia escrever sobre aqueles anos oitenta, a Escócia, East Kilbride, a
sua cidade de origem, uma das New Tows criadas no final dos anos quarenta, fazendo
parte da grande conurbação urbana de Glasgow, patatipatá, aquela coisa da
transição pós-industrial (ainda devedora da revolução industrial), sabemos que
os irmão Reid trabalharam numa fábrica, entre cervejas, e a sua importância na
música destes.
Pensava em tudo isso que iria escrever, quando de repente
(passava a música), comecei a sentir a ascensão irremediável das lavas do
subconsciente, não a ascensão irremediável das lavas do sobreconsciente (isso,
sabemos, leva à loucura), de que nos fala Vila-Matas logo no início da sua “História
Abreviada da Literatura Portátil”, não, era o subconsciente a fazer das suas,
juntamente com a memória mais recôndita, e dei por mim a dançar, o sol entrava
todo por ali dentro e eu dançava. Foi então que um mosquito me deve ter entrado
no olho, humedecendo-o ligeiramente. Mosquitos em Janeiro? – pensei. Isto anda
tudo tolo. E fui ouvir o “sidewalking” que já estava a passar no tijolo da
cozinha.
Nenhum comentário:
Postar um comentário