julho 03, 2013

A panela de pressão que só cozia pensamentos agradáveis*


Diz que aqui vamos de vento em popa. É verdade. O vento, às vezes, também lhe dá para bufar à ré, sem sinal que nos valha, tanto dá, vamos à bolina como vamos a descascar as mágoas, o barquito é sólido como um nenúfar. E todos sabem que os elefantes aproveitam os nenúfares para atravessarem o rio antes de entrarem na loja de porcelanas. Sucede que ninguém sabe muito bem como havemos agora de chamar ao companheiro de luta: Será Coelherque ou será Coelhortas? Ao Coelhortas já lhe vai faltando uma metade. Não que faça diferença, mas gostamos de conhecer as coisas pelos nomes. Aqui na rua, pois vamos indo, os fantasmas da esquerda frente raramente aparecem, diz que não têm dinheiro para as correntes. Nós cá não sabemos para que raios precisam os fantasmas de dinheiro, e até por isso estávamos a pensar em formar uma associação em prol da fantasmização geral, convencidos que uma das coisas boas de ser fantasma era estes não precisarem de dinheiro para sobreviver, requisito prévio muito do nosso agrado, pois dinheiro é coisa que não se vê muito por estes lados. Na padaria também se vai levando junto ao plasma novo. O Tabuletas voltou da Suíça e não fala de outra coisa a não ser da vitória do Rui Costa na volta em bicicleta, parece que também lá (como cá) ninguém lhe arranjava emprego, mas a forma que tinham de não lhe dar emprego era muito mais civilizada que cá, os “tipos nem papéis mandam para o chão”, mas aqui também existem coisas boas, “sempre podemos lançar uns foguetes, mais não seja está a chegar a época das queimadas”. E mais não disse.  


(*título adaptado de uma cena do Montalbán)

2 comentários:

Gerónimo Cão disse...

haverá sangue (para uns) e cabidela (para outros) eheheheheheheh

Gabriel Pedro disse...

ahahahah

abram Portas à cabidela:)