Múmia
no sentido qualitativo mais admirativo, Oñate. Repare na própria presença de um
bacalhau nas lojas de salga. Parece uma múmia de peixe com equívoca silhueta
ligeiramente vampiresca e, no entanto, mergulhado em água, dessalgado, adquire
quase uma consistência de peixe fresco. Mas atenção, é preciso não ter opiniões
preconcebidas porque, no fundo da sua substância, o bacalhau assimilou o melhor
paladar do sal e, quando é cozinhado, nem é peixe nem é carne nem outra coisa
além de uma excelente múmia ressuscitada.
“Milénio II. Nos antípodas” Manuel Vázquez Montalbán. Tradução de
helena Pitta. Asa.
[bacalhau]
Nenhum comentário:
Postar um comentário