“Os dois dialogavam, ele debitando à saciedade as três frases do seu reportório, e ela respondendo-lhe com palavras já sem sequência mas em que o seu coração se desafogava. Lulu, no seu isolamento, era quase um filho, um namorado. Ele subia-lhe pelos dedos, mordiscava-lhe os lábios, agarrava-se-lhe ao lenço; e, como ela inclinava a testa abanando a cabeça como as amas, as grandes abas da coifa e as asas do pássaro agitavam-se em conjunto.”
“Um coração simples” (pp.39), in Três contos, Gustave Flaubert. Tradução de Pedro Tamen. Relógio de Água.
*Retirado do título de um livro de Julian Barnes, por sinal uma verdadeira obra-prima contemporânea, verdadeiramente inesquecível, pelo menos para mim, que é o que interessa, não é?
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