dezembro 22, 2011

No "suave odor arcaico dos molhes irlandeses"

Nunca, como naquele momento, lhe tinham assentado melhor os versos do poema «Dublinesca», porque, por arte e magia das circunstâncias, o seu breve passeio nocturno até ao pub estava a transformá-lo na velha puta da gabardina do fim do mundo, quer dizer, na inesperada reencarnação do último fulgor da desgraçada literatura e, ao mesmo tempo, num pobre velho acabado e morto de frio que caminhava por ruelas de estuque, onde a luz era de peltre e por onde passava ele próprio, o último editor literário da história, convertido no seu próprio funeral vivo”.


“Dublinesca”, Enrique Vila- Matas
Tradução de Jorge Fallorca


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