"o filho-da-puta (mesmo quando ainda não o sabe) vive de um modo geral preocupado, vive tanto mais preocupado quanto mais filho-da-puta é, vive preocupado com as suas preocupações e com a despreocupação dos outros, vive em permanente inquietação mesmo quando aparenta calma, tudo o que é novo o perturba, é para ele causa de tormentos e temores (…).
De resto, o filho-da-puta gosta de falar de doenças, de assistir a desastres, de ver tristes ocorrências; o filho-da-puta sente-se confirmado sempre indirectamente, sempre na preocupação dos outros, ou no que ele julga ser a preocupação dos outros; por isso se alegra com a fraqueza alheia e ri das minorias, dos que são diferentes dele, ri porque tem a certeza de que é ele, filho-da-puta, que está certo, que sempre esteve e está certo."
“discurso sobre o filho-da-puta”, Alberto Pimenta, 7 nós, 6ª Edição (a 1ª edição remonta a 1977)
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