novembro 05, 2009

A caminho

As ruínas remetem sempre para algo que não desapareceu de todo. Neste sentido, eu era uma ruína. Ansiava pelo desaparecimento, mas sabia que só podia acabar por desaparecer a meias, convertido unicamente numa ruína. Olhei de novo para a a nuvem de pó. Disse para comigo que não entendemos nada das ruínas até ao dia em que nós mesmos nos convertemos nelas. Quanto ao comboio de alta velocidade, parecia uma metáfora de Espanha, porque avançava com força, isso era inegável, mas fazia-o como se o estivessem a empurrar para a frente por causa da sua recusa precisamente em avançar.

“Doutor Pasavento”, Enrique Vila-Matas, Teorema (pp. 59)

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