“As minhas pernas estão a ficar mais finas e o meu estômago mais proeminente”. Quem disse isto, enquanto pontapeava uma lata de cerveja choca para cima de um disco da Janis Joplin não foi o Jim (Douglas) Morrison, mas o meu amigo Alfredo, desesperado com as (des)construções desvairadas da cidade, essa “panóplia de betões cinzentos, esquecida de qualquer sabedoria”. A barba cresce-lhe farfalhuda. Alfredo recusa o tempo da dor e esmaga uma camisola de fancaria com o Che. Isto depois de eu o ter encontrado na iminência de uma escadaria com pouco mais de 20 anos, num atravessamento estreito, com os candeeiros a irradiar uma luz fantasma, amarelecida e repleta de sombras antigas. Foi depois de uma caldeirada (eu diria espanholada), de safío, com mais espinhas que a nossa existência, que galguei a espaços cada recanto da minha (nossa) paróquia. Dei comigo, e com a paróquia, encostados na praça velha, a relembrar o filme “Cinema Paraíso”, naquela parte em que o nativo dizia, já velhote, entre os muitos automóveis: “a praça é minha, a praça é minha”. Recordei esse Alfredo (projectista com a idade do velho cinema) com o puto. Um filme para toda a terra assistir: “Belíssimo Alfredo”.
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