Hesitei entre Lolita e O Gulag e acabei a ruminar disparates entre terrinas de livros técnicos. Pensei nos estudos amorfos que nos descarregam avulso, todos os dias, para melhor nos sustentarem na imbecilidade mais sórdida em timbre pardacento. Na rádio desejei Bach. Acabei, placidamente, sem Lolita, mas juntamente com Mr. Humbert a planear um assassínio, o qual somos, de resto, manifestamente incapazes de materializar.
Voltei então ao hemisfério Norte, sem borrascas a assinalar, aterrando em campo seguro, na casa caixote, amarrado ao teclado, sem faunos (a não ser os de barro nas prateleiras), mas com uma espécie de Gauleses intrépidos, prontamente caçados pelo gato. Proust, mais coisa menos coisa, há-de atirar-se da janela para o mundo. Ou voltar, quem sabe, ao seu quarto, caixotinho de areia.
maio 16, 2008
Amanhar a manhã com o gato que não quer saber de Proust
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2 comentários:
Esse teu gato amanhou a tua escrita de forma quase genial, ou não fosses tu o maior poeta português vivo.
Aqui do lado cão da vida, vou-me contentando em ser o segundo...
vem isto a propósito de andar a escrever umas coisas que não sei se tens lido...
O link está na tua página como sabes.
Me liga vai...
Uma borrasca alucinada de bom texto, sim senhor. Também já li a Lolita e reconheço. bem, mas não apenas...
Sou cliente diario do blog, assinto.
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