Escrevo isto (para seguir a rotina do Cão) mentalmente. Lafargue
está no século XIX bem aconchegadinho. A França vai muito atrás (diz ele) e não
a reboque (ele fala de diferenças) da
visionária Inglaterra. Ainda acredita nas máquinas e na mecânica de um
pensamento que submerge a dor num caldo que, mais tarde (ou mais cedo) se
denominará de bem comum. Não percebe a dinâmica predadora do capitalismo, nem o
seu refúgio sincero nos céus plúmbeos do progresso. O progresso encontra aqui (aí)
a sua verdadeira voz, derramada em torrenciais (e inacessíveis) demandas da
filosofia antiga, sem compreender a razão de tanta loucura. O “vício do
trabalho"(palavras de Lafargue), as horas intermináveis de trabalho, o caldo frio da fome, não
são, não eram, um ponto de partida discutível, mas o veículo, melhor, os
carris, que ditar(i)am o (supostamente) direito ao trabalho, esse caminho que desaguou
na insanidade que hoje vivemos. A contradição nunca é paradoxal por aqui. No seu (presume-se) comunismo, socialismo, sei lá,
os operários continuam a ser operários, continuam operários, obreiros de um
futuro cujo direito à preguiça lhes daria um complemento suplementar (que passe a ironia da redundância). Chegariam,
como chegaram, aos dias de hoje, dignos de um eufemismo: colaboradores (e
consumidores). Com toda a justiça, diga-se…
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