Estou há mais de dois meses para escrever algo sobre o “Paterson”,
um filme de Jim Jarmusch, mas por razões alheias à minha vontade, razões essas absolutamente
indetermináveis, pelo menos até à hora em que escrevo estas linhas, tal não foi possível, ainda
tentei contactar o escriba, isto é, eu próprio, mas tal não foi também, de todo, possível.
Fica para outro dia. O personagem principal deste filme chama-se Paterson, e a
cidade onde a acção se passa também se chama Paterson, razões mais que
suficientes para o filme se chamar Paterson. Paterson é uma espécie de poeta
condutor de autocarros. A sua vida é um rame-rame que apenas nos chama atenção
pelo facto de escrever poesia. Se fosse um rádio amor condutor de autocarros
seria muito mais difícil a sua recepção em Cannes. A mulher de Paterson é uma
idiota com a mania de ser artista, o que é muito comum nos dias de hoje, tanto
uma coisa como a outra. O Jarmusch sabe bem isso, é um diletante, gosta do
Paterson na medida em que este não tem telemóvel, escreve poesia e, às vezes,
lá bebe um copo quando vai passear o cão ou levar o lixo, já não sei, mas fico
com sensação que a acção poderia ser em, digamos, Amarante, também deve por lá
devem haver poetas que gostem de outros poetas, embora sem conhecerem (não vem
mal nenhum ao mundo) o William Carlos Williams. Jim Jarmusch vai-se aborrecendo
ao logo da realização do seu filme ao ponto de fazer com que Paterson, por obra
do demo, fique sem o seu caderninho de poemas, sem ter tido tempo de o
fotocopiar. Ficamos todos muito chateados e solidários. Nós, e a menina que a
páginas tantas lhe lê um poema, ao nível dos dele, ou de qualquer outro
condutor de autocarros poeta, para não dizer de WCW. Todavia, Paterson, embora
chateado (nota-se algum esforço do actor nesse sentido) continua a conduzir o
seu autocarro (não é à toa que o nome do actor é Driver), mas ficamos sem saber
se alguém lhe terá dito que não é o fim do mundo, que também Herberto Helder perdeu
um manuscrito original num comboio, coisa que lhe terá provocado uma profunda
angústia de duração não inferior a seis meses. Não sabemos, ainda, se Paterson
ou mesmo Jarmusch sabem da participação de HH numa curta de 1968. Saberiam?
Saberão? Como reagiria, ou reagirá Cannes? Não sabemos, é um perfeito enigma.
(Paterson a escrever os seus poemas, acho)
Um comentário:
Interessante, você gostou do filme? É excelente, sinto que história é boa, mas o que realmente faz a diferença é a participação do ator Adam Driver neste filme. O elenco deste filme é ótimo, eu amo tudo onde Adam Driver aparece, o ultimo que eu vi foi em um dos melhores filmes de drama para a familia chamado Lucky Logan Roubo em Família, adorei esse filme! De todos os filmes que estrearam, este foi o meu preferido, eu recomendo, é uma historia boa que nos mantêm presos no sofá. É espetacular. Pessoalmente eu acho que é um filme que nos prende, tenho certeza que vai gostar, é uma boa história. Definitivamente recomendado.
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