outubro 09, 2011

Envernizados pelas lagostas

Plano efémero de uma Instalação MM (praia de Ofir 08-10-11)


Uma vez passada a caixa dos “camemberts”
o escaravelhozinho perdeu-se no deserto
onde o presunto quase morreu de fome
Corre a um lado e outro
mas a um lado e outro só vê tomates caiados
Olha para cima e vê um cabide
a rir-se dele
Ó cabide envernizado pelas lagostas
tem piedade de um escaravelhozinho que deita a língua de fora
por não poder disparar sobre as meias
que dariam um tão bom jantar
Tem piedade de um escaravelhozinho que toca flauta
para tentar encantar-te
porque julgou que tu eras serpente
Porque não eras tu uma serpente de campainhas ou lunetazinhas
o escaravelhozinho teria roído a sua flauta
desesperado
não teria esperado a morte
atrás de uma gravata
E a morte não teria vindo
como um ancinho de cristal
e a morte não o teria apanhado
como se apanha uma "beata"

"NOITES DE INSÓNIA", Benjamin Péret, tradução Jorge de Sena (ASA)


Construção humana sintonizada com o espaço envolvente obedecendo a uma vertente prática perfeitamente inteligível (Ofir 08-10-11)

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