novembro 28, 2010

Memorial de uma posta de ontem: na padaria


Somos grandes. Na padaria, deus a tenha, preparam-se as festas com bonomia. A cada Martini acresce uma cerveja para aclimatar o desejo, e o pãozinho santo é servido com destreza, a cada cozedura, ora branquinho, ora torradinho, mas nunca, nunca, para nos fazer recordar o antigo pão. Finda a desmama da cimeira da nato e da greve geral, dúzias de tumores pequeninos florescem à volta do balcão vitrina da padaria e, imagina-se, ali ao lado, em todas as casas as intumescências imperam em pequenas salas de ensaio, tipo “hall de entrada” e restantes pleonasmos que nos sustentam num desmaio contínuo até ao centro comercial. Pelo menos está quentinho, dir-me-ão, enquanto comentamos o jogo do dia. E o “Sporting quase ganhou”, dizia-me o sr. Silva, com o seu sportinguismo envergonhado a tiracolo, sem respingar ao moderno portista sr. Lopes, salientando este, a renuncia belíssima do sr. Silva a ter tomates, ao mesmo tempo que respondia a um outro “Lopes” vermelho de Benfica (que por um acaso tinha sido recentemente operado a um “talo na perna”), que também tinha uma coisinha má, o que lhe dava sólidas razões para emborcar uns quantos portos brancos (enquanto acariciava a muleta), demonstrando por a mais b, que o título para eles seria uma miragem.

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