Saio no próximo apeadeiro, vão ver. E não será bonito. Coisa velha de anos, esta de engalanar a festarola das urnas com obras do máximo porvir. Coisa velha. Coisa a sair do guarda-fatos repleto de bolinhas de naftalina, cujo invólucro é um barraco dos mais lamentáveis que existem. Entra frio; chove; caem as telhas; estala no estio, sem ir a lado algum. Mas, os tipos, apenas aparentemente abandonaram o enlevo dos modelos: há 120 anos era o Belga (viajem com o Conrad no coração das trevas) ontem era o Finlandês. Calou-se o louro. Veio o advento Fontes Pereira de Melo, versão junta de freguesia: o TGV. Não o programa, mas todo um programa. A modernidade. O barraco estala e rejubila, na padaria o TGV anda de papagaio em papagaio até se estatelar no programinha da SIC, ainda a meia de leite vai a meio. Em território de automóveis, de betão e de auto-estradas esvaziadas, onde se encerram linhas de caminhos-de-ferro tão necessárias num país minúsculo (bastaria um bom conjunto de redes sub-urbanas, regionais e nacionais - inter cidades e alfa pendular), e em que cerca de 90% das mercadorias são transportadas por via rodoviária, persevera-se na ligação (supõe-se que rápida) a essa tal de Europa. Essa ligação presume-se(?) que exista já, depois de tantos anos a encher o bandulho com os anais e os sacos de dinheiro europeus. Já pintamos o barraco. Entretanto o tema caciquismo (de uns que é o mesmo que de todos os partidos do rotativismo), assoma à praça pública. Logo aí, expira o modernismo de fancaria. Importar-se-á, como veremos, mais um modelo. Mais uns retoques no barraco. Vai ficar lindo.
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