Assisto na RTP2 a um documentário sobre o 11 de Setembro. Imagens. Há dois dias apenas, em Braga, um túnel começava a perfurar a terra, um edifício desmoronava-se ceifando três vidas e, ali perto, alguém ameaçava um suicídio. O mesmo dia. Ali ao lado o anjo trabalhava ao computador e depois saia em direcção ao nada. Babilónia. Talvez se dirigisse a alguém. Ou à padaria. Na igreja as badaladas acompanhavam a voz leitosa do padre – disseram-lhe. O primeiro pensamento e o segundo, já agora, foram ir comprar vinho para o jantar. Depois, muito depois, ocorreu-lhe um poema do Walt Whitman, sem sorte que o valha:
Alguém pensa que é sorte ter nascido?
Apresso-me a informar esse homem ou essa mulher que é igual sorte viver ou morrer, eu sei.
Morro com aquele que vai morrer e nasço com aquele que está a nascer, não
estou contido entre o meu chapéu e as minhas botas,
E examino os mais variados objectos, nenhum igual ao outro e todos bons,
Boa a terra e boas as estrelas e bons os seus complementos.
Alguém pensa que é sorte ter nascido?
Apresso-me a informar esse homem ou essa mulher que é igual sorte viver ou morrer, eu sei.
Morro com aquele que vai morrer e nasço com aquele que está a nascer, não
estou contido entre o meu chapéu e as minhas botas,
E examino os mais variados objectos, nenhum igual ao outro e todos bons,
Boa a terra e boas as estrelas e bons os seus complementos.
“in Canto de Mim Mesmo”, Walt Whitman; tradução de José agostinho Batista
Não estou seguro de nada disto. Nada. Cheguei aqui num bote sem confirmação.
Não estou seguro de nada disto. Nada. Cheguei aqui num bote sem confirmação.
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