“Não sou aquilo que leio”, dizia-me Alfredo, do alto de um guindaste de cervejas. Atendi, em tormento, o telemóvel, sem oportunidade de replicar. Pensei, não sei já se o terei dito, não sei, mas era qualquer coisa como não ser de companhia, sem reparar que parafraseava Pessoa, ou melhor, Álvaro de Campos. Nada disse. Acometi num soslaio de evidências, a minha perdição singela na escrita infinita. Tudo está escrito e, claro está, vamos à moda, reescrevendo. Pensei em Borges, um labirinto que vai de mim até ao sonho. Bebi mais uma cerveja e mais outra, afinal a selecção havia perdido por dois sem tirar, com a homóloga (é assim que se diz?) Suíça. Quis, sem força que a valha, disfarçar o azedume, com um Whisky a go go. A expensas de um ridículo bem-estar desejei um bom filme. Acabo a coçar a orelha, paredes-meias com o embaraço de retiro flamejado pelo domingo.
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