Este álbum é uma banda sonora
para um filme ainda não realizado – ia escrever feito, mas não me parece
apropriado debater a ignorância. Sem filme, sem grande ou curta metragem, até
agora, claro, teremos forçosamente que dar-lhe o benefício da dúvida da
realidade, mas qual realidade?, e aqui não falamos de países, de zonas, de
hemisférios, mas de algo que, sendo interior, quando se mistura com o ar, forma
uma epiderme potencialmente explosiva. À volta dessa epiderme estamos nós; nós
e a arte descrita por Maiakowski algures num poema. Maiakowski se tivesse durado
mais uns invernos, talvez pudesse visitar incógnito Portugal, talvez, e assim percebesse
que a morte é uma inimiga de classe, principalmente daqueles que não comem, e
não comem porque não têm comida, nem sabem plantá-la, ou colhê-la, ou procurá-la,
nem nada sabem de politica a não ser o que lhes dizem, seria mais ou menos assim um canto da Europa
ainda antes da primeira guerra mundial, um canto rural do esquecimento, e muito
depois ainda cheiraria: a dor, sem qualquer arte que a pudesse violentar para acalmar
os deuses que desciam dos ceús. Que disco fariam os Swans em Portugal?
Sinceramente não sei, sei que uma vez os vi e ouvi sentado em plumas, que é o
mesmo que as cadeiras do grande auditório (é assim que se chama?) da casa da
música. Ficamos conversados. Perdão, sentados. Maiakowski, olha para Portugal. Deixa-te
disso.
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