maio 16, 2018

O último a sair que feche a porta



A páginas tantas, em "Central Europa", Vollmann escreve (através de um dos seus personagens sem nome – conseguimos imaginar a sua pérfida profissão) o seguinte: estou disposto a aceitar a tese segundo a qual é preferível uma política coerente a política nenhuma. Vollmann dota esta personagem (melhor dizendo narrador - uns dos vários) de uma fina ironia, tão fina que por vezes nos cortamos na leitura. Tão fina que não vou sequer (vos) tentar contextualizar.

Aproveito apenas para friamente assinalar que, esta época, o Sporting teve uma dose de coerência que em tudo se assemelha a uma política. A equipa, de forma coerente, não jogou nada. Jorge Jesus, de forma coerente, foi mantendo a sua ideia. Esta coerência apenas foi ligeiramente alterada após o jogo com o Atlético (por razões que todos sabemos: a posta do Presidente e o desgaste da equipa com lesões, castigos, cansaço). E, por fim, o Presidente (e toda a sua equipa se é que existe uma equipa) foi coerente no seu caminho para o abismo. Até ontem ainda havia a possibilidade de recuarmos. Hoje a queda livre não permite pensar sequer em milagres.

E teria bastado alguma imprevisibilidade, alguma (porque não?) incoerência, tanto na equipa e no treinador para chegarmos a outro porto. Quanto ao Presidente, não sei se já se inventou uma palavra para o sucedido. Talvez suicídio. Mas não quero ser coerente.

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