(GP)
Por exemplo, a indignação, não tarda, fará parte da
superestrutura onde enfileira o capital e alinha o (des)governo desta nação (assim
como outros (des)governos alinham noutras equipas do mesmo clube), e onde
alinham os estaminés políticos, vulgo partidos, vulgo mercearias da clientela
política com ramais de norte a sul. Os sindicatos e afins também alinham, notem
bem que estes se desmarcam de qualquer estrutura inorgânica civil, dos cidadãos, até que estas se tornam organizações
oficiais e passam a ser combatidas, basta atentar nos ódios de estimação à
esquerda com compartimentos dentro de compartimentos, tipo as matrioskas
russas, basta recordar a guerra civil Espanhola, para aqui chamada para nos
recordarmos das démarches dos camaradas comunistas para controlar o poder do
lado republicano (aniquilando os anarquistas e as cooperativas libertárias), e
basta escutar as pessoas durante a semana para sabermos que os que se dignarem a
votar o farão com a confiança e a sabedoria do ramerrame.
A Indignação terá
cartão próprio e hora marcada e será introduzida no normal funcionamento das
coisas e das instituições, por exemplo, o ex-presidente do BCP, o senhor Filipe Pinhal, lidera já o Movimento dos Reformados Indignados, e brevemente o senhor Dr. Relvas liderará o
movimento dos ex-governantes indignados que apenas arranjam grandes tachos, de preferência
em empresas com quem lidaram no exercício das suas funções governativas. E, por
exemplo, a este movimento, seguir-se-á um outro, o movimento do levantamento do
cheque da reforma antecipada por préstimos à nação, calhando já com o código de
reformado indignado. Entretanto, o ex-primeiro-ministro indignado seguirá as
sábias pisadas do ex-ministro Sócrates ou do ex-ministro Durão o qual, visivelmente
indignado com a falta de consideração indígena, se impôs uma temporada no limbo
europeu, e voltará ao nosso querido inferno para nos tentar pastorear a
indignação como presidente. O ex-presidente Cavaco, por exemplo, será então um
indignado das reformas encavalitadas umas nas outras, aguardando a análise
quimérica que fará justiça ao seu permanente silêncio de indignação. Ou será da
indignação?
[fotografia publicada originalmente no Tio]
* título retirado da letra de uma canção dos GNR: "Pós modernos" (1986)
2 comentários:
muito bom, cínico mas incisivo...talvez não esteja de acordo com tudo, há gente que luta todos os dias.
Artur S.
:)
viver é uma luta de todos os dias:)
um gajo nasce par arrancar a ferros cada centímetro de terreno (como diz o Bukowsky), mas às vezes nem isso nos deixam:)
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