setembro 10, 2008

Mais uma vez deito-me às tantas

Assisto na RTP2 a um documentário sobre o 11 de Setembro. Imagens. Há dois dias apenas, em Braga, um túnel começava a perfurar a terra, um edifício desmoronava-se ceifando três vidas e, ali perto, alguém ameaçava um suicídio. O mesmo dia. Ali ao lado o anjo trabalhava ao computador e depois saia em direcção ao nada. Babilónia. Talvez se dirigisse a alguém. Ou à padaria. Na igreja as badaladas acompanhavam a voz leitosa do padre – disseram-lhe. O primeiro pensamento e o segundo, já agora, foram ir comprar vinho para o jantar. Depois, muito depois, ocorreu-lhe um poema do Walt Whitman, sem sorte que o valha:

Alguém pensa que é sorte ter nascido?
Apresso-me a informar esse homem ou essa mulher que é igual sorte viver ou morrer, eu sei.

Morro com aquele que vai morrer e nasço com aquele que está a nascer, não
  estou contido entre o meu chapéu e as minhas botas,
E examino os mais variados objectos, nenhum igual ao outro e todos bons, 
Boa a terra e boas as estrelas e bons os seus complementos.
“in Canto de Mim Mesmo”, Walt Whitman; tradução de José agostinho Batista

Não estou seguro de nada disto. Nada. Cheguei aqui num bote sem confirmação. 

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