Tem dias. Mais coisa menos coisa, casa trabalho, comer, beber, às vezes lá calha; trabalho casa, comer beber, às vezes lá calha. Dos arquivos recentes consta uma única intoxicação etílica e alguns prazeres avulsos. Destes, destaque para a série Gomorra (2ª e 3ª temporadas), devorada com a placidez de um felino durante o último mês e meio. Cortesia da RTP2, sem espaço nos canais (americanos) de cabo, foi-se consumindo diariamente (para nosso deleite) sem deixar grande rasto (o que abona em seu favor) à sua passagem. Apenas recentemente no programa da Antena 3 Bons Rapazes ouvi alguma referência à série, na palavra de Álvaro Costa (quem mais?), qualificando-a como imperdível, bem temperada com violência sem paliativos e boa música, claro. Parece que os Massive Attack andam atentos ao Hip Hop que se faz em Nápoles. Depois do livro, do filme, e da 1ª temporada (passou na Rtp2 em 2017), aguarda-se uma 4ª, para saber se o Ciro se fica, mortinho da silva, no fundo do mar. Confio no Sangue Azul.
Entretanto, após desenfastiar um pouco com o Sinal dos Quatro do Conan Doyle, voltei
às lides e a Mathias Enard. Tinha ficado maravilhado com o seu “Zona”, uma
viagem de comboio, com história, geografia, literatura, mescla de ficção e realidade
histórica, verdadeiramente genial e apetitoso. Foi devorado com a dignidade
possível. Reza a lenda urbana (quem o diz é um amigo livreiro), que eu ajudei e,
muito, a catapultar as vendas do livro aqui por Braga. Avancei para o “Fala-lhe
de Batalhas de Reis e de Elefantes”, lido com prazer, desaguando agora no seu “Bússola”.
Sabemos que o Sr. Mathias é um profundo conhecedor do Oriente,
designadamente do Médio Oriente, fazendo aqui uma ponte histórico, literária,
musical, entre Ocidente/Oriente, talvez mais entre a Mitteleuropa e esse
Oriente (quantas vezes já escrevi oriente? – deixem passar) para nós tão proximamente
desconhecido. Quer-me parecer que enquanto em “Zona” a narrativa se estende
livremente, surgindo a erudição do autor como sustentáculo do romance, pelo
contrário, “Bússola” parece escrito como sustentáculo, melhor, como justificação,
da erudição do autor. Mas ainda vou a meio da ponte, claro.
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