novembro 11, 2008

os dias de Saturno


"Melancolia", Dürer

Após o que me pareceu ser uma curta voltinha de bicicleta, pensei, embora sem fé que o sustentasse, dar à posta algo sobre as lombrigas que nos trespassam por estes dias. Os poleiros e outros abrigos redundam em silêncios opacos e gazeteiros pasmados. A polémica do sr. Pinho e da Sra. República da Madeira levaram-me, contudo, em contramão durante praticamente 500 metros e algum passeio à mistura. Irremediavelmente sem encontrar a padaria, pensei em voltar às pilhas de papéis, sim, porque algures entre milhares de papéis, ao que parece pilhas e pilhas a forrar um escritório, é Sebald quem nos revela, a páginas tantas do seu “Os anéis de Saturno”, encontra-se Janine sentada, completamente rodeada de papéis e livros, e a dado momento, parece a Sebald estar na presença do anjo da "Melancolia" de Dürer. Tudo isto me recordou um escritório no monte, lá longe, e também um barracão por onde se chegava da casa ultrapassando um pequeno matagal a que chamavam jardim, cheio de ferramentas, discos e malas de viagem repletas de livros de banda desenhada e de Cowboys. Se calhar, não me recordo, seria muito provável vislumbrar-se um anjo da melancolia.

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