junho 07, 2013

O sangue ainda não chegou ao rio


Barcelos, década de 90 do século XX. Local: o balcão de um bar atascado no centro da cidade. Entram dois moinas (tradução: agentes da autoridade), tiram os quicos e juntam-se a nós ao balcão. Finos, claro, perdão, príncipes, e um…huuum…pode ser camarãozinho da costa (as sandes com o resto da cerveja ficavam para mais tarde, misteriosamente teletransportadas para o carro patrulha). Toca o rádio, o walkie talkie, alguns chamavam-lhe radar, um dos agentes atende sem sair do lugar. Cambio. Dá-se o caso de uma rixa fodida no bar X (relativamente perto do Cávado), diz que parece o fim-do-mundo. O outro agente escuta-o calmamente, afaga a pança num soslaio quase feminino, dá um gole no príncipe e chuta: calma, o sangue ainda não chegou ao rio! Nesse dia percebemos até que ponto a irresponsabilidade e o desleixo se deitam (e fodem) com a impunidade.

Não nos merece melhor exemplo que este para teletransportarmos a situação para o veículo da actualidade que nos conduz. Também aqui, parece, é preciso ter calma: a pobreza ainda não chegou ao rio; o desemprego ainda não chegou ao rio; o ruído das barrigas a dar fome ainda não deve ter chegado ao rio. A autoridade, neste caso os companheiros de luta Coelhaspar e Cavaco (entre outros) estão aqui ao lado, junto ao balcão. Percebemos o deixa-os sangrar, o sangue ainda não chegou ao rio. Percebemos até que ponto a irresponsabilidade e o desleixo se deitam (e fodem) com a impunidade. Percebemos?

4 comentários:

Anônimo disse...

deitam-se e fodem;)
estavas à espera de quê? é um prostíbulo... nem merece este texto!
e vai Nicha...

Alfredo B.A

Gabriel Pedro disse...

;)
eu diria um conjunto de folhas excel coladas por nhanha :)
talvez a exportem:))

Gerónimo Cão disse...

exportar nhanha parece que já está a ser feito ehehehe

Grande cena de Barcelos (para além da musical), depois a sua expansão em mancha de óleo :)

Gabriel Pedro disse...

nhanha e pastéis de nata, estamos safos ahahahah

Barcelos, faço-te uma visita guiada:)