


Robert Frank (1924-2019)
Fiquei à beira de ser fotógrafo. Falei
disso por falar recentemente. Perguntaram-me: de casamentos e baptizados? Mais
ou menos, dei por mim a responder. O que recordo mesmo é de andar com as mãos
em concha pela cidade do Porto. Por aí lembro-me bem. Lembro-me de sonhar com
películas a preto e branco e quartos escuros. Sempre gostei de quartos escuros,
sempre não, a partir dos cinco anos. Acho que fotografei o Porto todo em poucas
tardes, guardando as películas no cérebro. Devo ter fotografado outros sítios e
pessoas, sempre com as mãos em concha, insisti, por razões de trabalho nas
máquinas digitais, mas a partir do advento dos telemóveis decidi deixar de
guardar as minhas películas numa bagagem no cérebro. Teríamos que inventar uma
nova palavra para fotografia: desenhar com luz já não é verdadeiro.
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