maio 10, 2018

Danilo Kiš


O cortejo silencioso comandado por Bandoura só arvorou as bandeiras, vermelhas e negras, na proximidade dos bairros operários, e os estandartes desfraldaram-se ao vento produzindo um ruído funesto, vermelho-fogo e negro-nocturno - símbolos próximos da linguagem das flores, mas não desprovidos de contexto social.  
"Honras Fúnebres", Danilo Kiš

Danilo Kiš? Os seus livros estão esgotados. Quero dizer: fora do mercado. Sem novas edições, ainda se consegue arranjar qualquer coisa online. Como cheguei a Danilo Kiš? Por portas travessas do Vollmann. A odisseia Vollmann terá começado com aquela coisas do Vós, luminosos e tal, espalhando-se como uma doença até (vejam bem) ao Cão. Espelhos, acasos, ressonâncias que se propagam desde as primeiras leituras. A abertura de um livro: "Central Europa", as mãos em concha (mas aquilo é muito peso), uma, duas páginas e lê-se que Central Europa é dedicado à memória de Danilo Kiš, cuja obra- prima "Uma tumba para Boris Davidovich" me acompanhou [sim, sim, ao Vollmann] durante os anos em que me preparava para escrever este livro. Danilo é nome de jogador da bola, mas Kiš é outra coisa. Pesquisei. Voltei a pesquisar. Já sei do paradeiro de Uma tumba para Boris Davidovich, mas cheguei primeiro à Enciclopédia dos mortos (algures no depósito de uma biblioteca - é para isso que elas servem). Dá para desenfastiar de Vollmann. A digestão de Vollmann é para se ir fazendo. Sem tréguas. 

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