novembro 13, 2011

Enquanto decorre o saque curiosas impressões na 1ª pessoa de alguns tipos não propriamente próximos

"O saque de Roma" pintura de Martin van Heemskerck (1527)
"Limitado como sou, só há pouco tempo me dei conta que todas as teorias e saberes académicos pouco ou nada interferem no processo de decisão, na prática de quem detém responsabilidades e muito menos na arte de manter o poder. Com ou sem socialismo, com ou sem liberalismo, com ou sem nacionalismo, os portugueses continuariam a ser irresponsáveis, corrompíveis, timoratos, gananciosos, nepotistas, fisiologistas, sem respeito pela lei, agarrados a pandilhas e lóbis para todos os gostos e oportunidades, avessos ao bem-comum, críticos cáusticos de toda e qualquer forma de autoridade, maledicentes, invejosos, ingratos, servis ou respondões. São traços de carácter colectivo, pelo que um golpe de Estado seria seguido de um novo regime salpicado de Varas, Loureiros, Sucateiros, Godinhos, Joaquins Pessoa, Pedros Soares, Duartes Limas, Felgueiras, Isaltinos".

Escreve o Sr. Combustões, um tipo para aí monárquico conservador a frio e a sério, muito próximo de histórias asiáticas – In Combustões

"A responsabilidade é sempre dos principais dirigentes, mas também é de todos. Nós temos uma maneira de estar que nos leva a estas situações. A pequena cunha, a pequena vigarice, a economia paralela. Como eu digo às vezes, isto já não é um país, isto é um lugar mal frequentado. Somos o que somos. Ainda sofremos as consequências da inquisição, que secou as elites em Portugal, e faltam-nos elites."

Diz em entrevista ao Jornal I (12-11-11) o improvável Vasco Lourenço, Militar de Abril, um tipo que alguns gostam de não gostar. Um tipo quase próximo – diz ele – de um Mário Soares mais antigo. 

"Fico muito irritado. Não Suporto o Portugal da moscambilha e da tranquibérnia. Videirinhos, patos bravos a enriquecer. Fulanos a falar engravatados na televisão que deviam estar na cadeia, muitos deles. Deve obrigar também a uma reflexão."

Diz-nos Mário de Carvalho em entrevista ao Jornal I (12-11-11), um tipo escritor que gosta de dizer palavras difíceis a jornalistas já de si pouco dados a literaturas e a escrevinhares, e nós levamos por tabela. Um tipo que estudou direito porque não tinha jeito para nada, e que talvez esteja próximo de alguma esquerda antiga não comprometida e por aí fora, quem sabe.

Caro Mário de Carvalho, moscambilha pode ser  por exemplo tramóia, e tranquibérnia, por exemplo, trampolinice ou falcatrua. Não havia necessidade. 


3 comentários:

Anônimo disse...

Já não vinha aqui a algum tempo, o blog esteve um bocado morto, não é.
Mas agora voltou e bem com qualidade na escrita e muita originalidade...


J. Bento

Unknown disse...

Portanto usar palavras difíceis para o pobre escritor deste blog não se deve fazer porque pode ficar ofendidozinho com a sua própria ignorância?

Gabriel Pedro disse...

Meu Caro Red,

Certamente que terá reparado e conhecerá a figura de estilo “ironia”?

Compreenda, mais que me comparar seja com quem for, pretendia – se é que pretendia alguma coisa – demonstrar que pessoas de quadrantes tão diversos reflectem praticamente o mesmo diagnóstico. O que se afigura como um problema: repara certamente que toda a gente estará a par, quer dizer, toda a gente saberá o que se passa, quer dizer, toda a gente saberá que se trata do outro. Aparentemente chegados por caminhos diversoas. Sendo você um red hippie, ou se quisermos, um
hippie vermelho adolescente(?) (repare que assim soa bem pior) certamente me compreenderá, se é que me leu até aqui, claro.

De qualquer modo, obrigado pela visita. Por meu turno já visitei o seu blogue. Entretanto, já leu Mário de Carvalho?