julho 06, 2018

Eu também sou candidato e prometo falhar



Em pouco mais de um mês passamos do fim do mundo para a circulação de bo(r)la. Com gosto, continuamos a marcar na própria baliza: proponho uma escola de formação em auto-golos. Com gosto, continuamos a escancarar as portas de casa, uns era no faice, outros é a dar a outra face em qualquer ecrã por perto: proponho uma casa dos segredos à vista de todos. Com gosto, continuamos a negociar com a imprensa, com a praça pública, com os comentadeiros a soldo da justiça (dizem-nos): proponho uma residência artística para trabalharmos estas temáticas ainda mais em conjunto. Com gosto, e requinte, negociamos com esses empreendedores que representam os jogadores que por eles são (supostamente) representados, ou familiares que representam jogadores por eles paridos, não necessariamente por esta ordem: proponho contratos de palavra dada, almoçaradas entre gente de bem, e quando alguém se sentir afrontado poderá livremente seguir o seu caminho.

Proponho o livre mercado desde que não prejudique os clubes rivais, apenas o nosso, se for caso disso. Proponho uma nova academia do quase, a criação de um falhódromo, uma SAD cuja abertura a CMVM distinga com um pontapé bem assente no nosso cu. Proponho um rugido mais baixo para não incomodar ninguém. Proponho uma tríade de treinadores que englobe o (tal) que já foi, o (tal) que aqui está e o outro que certamente virá no sorteio de Setembro. Proponho a redução do número de lugares disponíveis no estádio, para não termos que passar outra vez pela humilhação de ter uma média de espectadores superior à do campeão nacional. Proponho-me prometer uma cláusula de assistência às variantes psicológicas que possam, de alguma forma, perturbar o livre arbítrio dos profissionais do nosso clube, mas apenas no futebol. Aos outros digo: prometam falhar. Sem isso não se ganha.

(originalmente publicado aqui)

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