setembro 04, 2011

Vão para o diabo sem mim - parte zero


Acordei a pensar nisto e não sei se compreendo.

Mas eu vi tudo: por obra de um espelho, a junção da liberdade com o multibanco. O hipermercado que precede(u) a betonização; o shopping que simula a rua e a praça, a calçada e o largo, e depois a vida. Do panadinho ao hambúrguer foi um ápice. Mas Fátima lá ficou.
Da longínqua Europa, começaram a vir charters de cheques em branco. Turistas very white vieram observar os nativos, e encheram alguns hotéis. Ninguém saberia dizer quem era essa tal de CEE, depois UE, mas agradecíamos a bandeja com os subsídios, empréstimos e graças, que o diga o pobretanas do Sr. Américo Amorim.
E tínhamos, claro que tínhamos, uma estratégia: manter a cancela semiaberta; o caciquismo; a roubalheira miudinha; mostrar obediência e fechar as portas a tudo que não fosse (supostamente) moderno; e claro, as auto-estradas. Os patrões compraram o seu Mercedes e arranjaram a sua amante. Os trabalhadores quiseram ser patrões. Eis tudo. Era óbvio que o têxtil tinha futuro e ao interior rapidamente se chegaria. Entretanto o povo começou a pedir emprestado para a casa, o carro e o aparador da sala. Os bancos, as agências de viagens e as capas da Sentinela e Despertai prometiam paraísos com leõezinhos a beijar gazelas e criancinhas a brincar com crocodilos delicados. Tudo isto servido com políticos semianalfabetos devidamente credenciados, capazes de assinar o seu nome e soletrar a palavra ECONOMIA, rodeados de seres humanos capazes de qualquer coisa para ficarem com uns restos. E longas filas de espera para isto tudo. Resta-nos pois o Euromilhões ou Nossa Senhora de Fátima.

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